

Multimídia são múltiplas mídias. Engana-se quem intuitivamente acaba relacionando o termo exclusivamente às mídias digitais. Os diferentes suportes, as especificidades de linguagens, podem se misturar de várias formas para compor o termo multimídia.
Dito isso, esse post é dedicado a um artista que há muito brinca com a relação entre as linguagens e os suportes. Eli Sudbrack que já usou e abusou de diferentes suportes e mídias, entre postais, outdoors e camisetas. Atento aos movimentos de seu tempo, e mesmo antecipando-se, Eli modernizou-se e ficou milionário ao vender suas obras em CD, em arquivos de illustrator, acompanhados muitas vezes por músicas e vídeos.
Esse ano, Eli, que vem assinando como Assume Vivid Astro Focus, esteve em cartaz em Nova York, na John Connelly Presents. Eli já expôs na mesma galeria na exposição "K48 – Teenage Rebel: The Bedroom Show", que reuniu trabalhos de 80 novos artistas sobre o universo adolescente. O novo suporte que vem explorando são papéis de parede.
Segundo o artista, as obras de K-48 (acima), são sobre “celebração de prazer, ... de momentos que provocam um estado psicodélico de delírio e êxtase”. Bem representando pela explosão de cores e formas.
Já em sua mostra atual, “A Very Anxious Feeling” (fotos abaixo), o artista cria ambiente, usando novamente os papeis de parede, sob uma nova ótica. Nessas instalações, chamadas 3-D wallpaper, Assume Vivid Astro Focus trabalha ambientes, faz uso de mascaras que revelam efeitos 3-D, mas estimula também uma experiência bidimensional. Assume usa e abusa de grafismos, musica, néon e luz, esculturas, numa experiência multimídia e multidisciplinar que exige a performance do público.


Talvez Assume Vivid Astro Focus venda parte de sua obra em arquivos gravados em CD novamente. Mas sua arte está na experiência. Pode-se reproduzi-la? Talvez. Ou mesmo reinventá-la.
O que provocamos aqui é a relação que o artista tem com a obra, com sua experiência e sua forma de distribuição. Retomar a antiga dicotomia entre a “exclusividade” da obra, como resultante de um momento único de expressão sensível e estética, em contraponto com sua produção em série. Como muito bem colocado num dos blogs que acessamos para fazer esse post, retoma-se em grande estilo a discussão de Walter Benjamin em “A obra de arte na era de sua Reprodutibilidade Técnica". Porém, vale refletir se o que vale é o suporte e a reprodução do resultado em si ou o ato criativo, único e irreproduzível.
Fica a reflexão...
Mais sobre o asusnto em:
Érika Palomino
Book of hours
Um comentário:
Sensacional e ponto.
Hummm boa reflexão dear. Eu particularmente vejo qualquer obra, sendo ela única ou não como uma produção em série, são tantos os meios divulgá-la que é como se existissem várias. E dentro dela mesma milhares de possibilidades de exploração, múltiplas percepções. Há, me empolguei rs.
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